Quando adolescente, eu lembro de ficar meses conversando no MSN (finado, saudades) com um menino que era de uma série acima da minha. A gente se deu bem logo de cara e conversava sobre tudo, eu comecei a me apaixonar por ele, era fácil até. Ele era um doce e a gente conversava sobre tanta coisa mas… nunca falei com ele ao vivo. Quando o via no colégio, eu simplesmente fugia. Nunca consegui trocar uma palavra ou um olhar com ele ao vivo.
Vinte anos depois, não sou mais a mesma menina. Sou uma mulher adulta, crescida, cheia de histórias em relações diferentes mas ainda sinto o mesmo frio na barriga que senti quando me exponho, de verdade, em relacionamentos.
Recentemente, aprontei de novo. Estava em uma festa do trabalho e resolvi lançar da boa e velha cartinha, ou melhor, correio do amor, pra mandar um "recadinho” para um amigo (que eu queria que fosse mais do que isso, sabe?).
MESMA SITUAÇÃO. PESSOA DIFERENTE. SERÁ?
O que será que mudou em mim depois de 20 anos? Aparentemente, absolutamente nada.
Eu fugi desse amigo do mesmo jeito que fugia do garoto dos meus 16. Mas, sem fazer a doida aqui, lógico que eu mudei. Naquela época, eu sofri muito. Porque eu sabia o motivo de não querer conhecer ao vivo. Não suportava a ideia de ele me achar feia. Porque eu me achava feia, então eu criava diferentes cenas onde ele me desprezava e ignorava todas as nossas conversas. Então, o medo me impediu de viver uma possível história de amor? Talvez. Passei anos pensando em como seria se eu trombasse com ele.
Mas hoje a história é um tanto diferente.
Não me acho mais feia (embora ainda falte um tanto pra gostar realmente de mim) e também sei que, não há nada que eu faça que impeça uma pessoa de se sentir indiferente a mim. Justo por isso, eu me permito viver porque a única pessoa que consigo lidar com os sentimentos dela sou eu mesma.
Eu não vou negar também que reimagino as duas cenas. Na primeira, eu encontro aquele menino na escada e terminamos nos casando 10 anos depois (cena digna do final de "De Repente 30", né?). Na segunda, que acabou de acontecer, imagino eu recebendo um bilhete de novo, nele nem tá escrito um final feliz mas uma possibilidade: “Quem sabe?".
É, eu acho que sei o que que mudou em mim: eu sei que meus medos não me impedem de escrever novas histórias.
E os seus?
CONTA PRA MIM?
Depois do incentivo de alguns amigos, decidi escrever por aqui sobre as minhas peripécias amorosas. Como tenho boas - e nem tão boas assim - histórias pra contar, decidi escrever uma vez por mês sobre o assunto. Então, a partir de agora, teremos uma coluna especial “SOBRE AMOR E OUTROS FLERTES” caindo na sua caixa de mensagens também.
Me contem se gostam dessa ideia?
VIDEOTAPE DO MÊS
A escritora que vos fala já assistiu praticamente todas as comédias românticas que existem. Por isso, nesse espaço sempre vou indicar 2 conteúdos interessantes sobre o assunto da newsletter.
De Repente 30
Eu adoro esse filme! Além dos figurinos e cenas icônicas, ele é uma história - clichezona - sobre como as escolhas que fazemos nos levam para determinados tipos de vida que, nem sempre, são as melhores que queremos viver.
Questão de Tempo
Imagina poder recriar cenas específicas da vida pra alterar nossos destinos - ou das pessoas que amamos? Esse filme é sobre isso e mais um pouco e é lindo de viver. Um dos meus favoritos!
Normal People
Aqui vem um caso raro de história onde eu li o livro e assisti a série. Normal People é sobre dois jovens se reencontrando ao longo da vida mas também é sobre crescer e entender que as possibilidades podem ser diferentes, a cada nova escolha.
GLOSSÁRIO DO CORAÇÃO
overcompensating (muito esforçado)
esse termo veio à tona com a série da HBO de mesmo nome e, meio que é usado quando queremos falar de pessoas que "compensam” em suas atitudes e palavras além do normal, na tentativa de parecer mais inteligente, mais forte, mais interessante do que são. Como se precisassem. Esse vídeo da Obvious é bem interessante e traz uma boa conversa sobre o assunto.
Que texto lindo, eu amo você e amo a sua escrita. Obrigada por esse texto.
❤️🤍 amei como sempre .